O Blog Além dos Olhos foi criado dia 18 de Março de 2012. Seu principal objetivo é descrever situações do cotidiano que algumas vezes passam despercebidas à olhares superficiais, tanto para quem escreve, como para quem lê. Ao entrar aqui, dará vazão à busca pelo entendimento sem se preocupar se irá encontrá-lo ou não. Cada linha rege a harmonia da dança dos nosso dias.
E que não se prenda em seus conceitos para que seja meu leitor, pois aqui não há uma verdade absoluta, encontre o seu sentido parafraseando significados que nascem no seu interior. Reflita, questione, refute, pense além!
Boa Leitura.

sábado, 31 de março de 2012

Alma solitária



Mais uma dança para o corpo sobre a relva
Mais um olhar para horizontes que não chegam
Mais um suspiro clemente
Mais um pulsar por outra mentira

Sonhos enterrados por pegadas na areia
Estrelas caindo numa noite vazia
Contemplam a essência do ermo da alma
Embriagado por teus deuses que roubaram minha inocência

Navego pela urca que me arrebata a fundos mares
Abraços lutuosos a zombar de minha solidão
Olhares famintos a dominar meu inconsciente
Me entrego

A vida se vai, tênue e oprimida
Canções proibidas já me fogem os ouvidos
Não posso mais dançar sobre lírios e desejos
Agora me afundo no berço do silêncio, para nunca mais

Delírios noturnos



Deixe-me banhar-me em teu desejo
Deixe-me provar de teu veneno
Deixe meus lábios correrem por tua doce pele
Acabe com a sede que assola minha alma

Faça-me sentir o sangue que caminha por vossas veias
Nos delírios noturnos seremos
Uniremo-nos por nossas inglórias
Faremo-nos reféns de nosso arbítrio

Jogue ao vento pútridas pétalas de rosas
Entregue-se à febre de me possuir
Esqueça planos e promessas
Dance pelos campos ao som da tempestade

Depare-se com o reflexo de uma face
Na poça da tua memória
Buscaste por todos os teus dias
Saber se a vida é mais que um horizonte

De costas para o paraíso



Eu penso no passado
Em tudo o que um dia esteve em minhas mãos
Na ausência de valor, constante pelo descaso
Vejo que os ventos não sopram como outrora

O céu rubro arde minha face
Ando sobre meus jardins envenenados
Minha alma se debate enlouquecida
A essência do meu ser enjaulada em meu corpo

Clamo por vozes que já não posso mais ouvir
Por olhos que já não posso mais mirar
Pela pele alva distante de meu toque
Agora meus olhos vivem pra dentro

Vigiando a alma que teima em fugir de mim
Torturado por sádicos horizontes
Inundando-se de lágrimas
Um universo escuro, infinito e silencioso

sexta-feira, 30 de março de 2012

Como eu queria



Como eu queria, ser as vestes que cobrem o teu corpo
Ser a lua que encanta teus olhos
Ser o colo que te abriga
Como eu queria ser as mãos que afagam teus cabelos

Abdicaste do paraíso para viver em meu coração
Distante de mim, faz-me viver na saudade do teu céu
Me farei presente em teus mais belos sonhos
Caminharei no ritmo do pulsar de teu coração

Venha, mate a solidão que arde minha alma
Desfrute da vida nesta bela noite de luar
Sinta meu coração chamar pelo teu nome
Venha comigo para a imortalidade!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Em vida



Sinta o cheiro da morte
E as sombras que imperam no silêncio
Sinta o calor das chamas
Banhe-se nas lágrimas que o tempo lhe apresenta

Alimente-se das almas
Faça de seu alimento quem o rodeia
Conquiste o alimento num doce beijo
Ouça o silêncio

Beba o sangue que escorre
Não perca sequer uma gota
Forme discípulos errantes
Escreva a vida na areia

Busque explicações para a existência
Reflita: Existe a existência?
Não tenha, nem mereça compaixão
Perca o que tiver que perder

Encontre o tom da persuasão
Seja lembrado
Honre-se e viva na morte
Não desonre-se para que morra em vida 


terça-feira, 27 de março de 2012

Ah se eu soubesse



Ah se eu soubesse que aquele dia seria o último que passaria ao seu lado
Teria te abraçado mais, não teria te largado por nada
 Teria te beijado com mais vontade, com mais amor
A se eu soubesse que aquele seria o último dia que passaria ao seu lado

Teria ficado o tempo todo olhando pra você
Olhando seu sorriso, faria de tudo pra arrancar mais uma gargalhada sua
Não teria saído do seu lado um só instante, teria pedido.
 Implorado pra ficar só mais um dia, e mais um dia,  e mais um...

Ah se eu soubesse que aquele telefonema seria o último
Não teria falado nada só pra ouvir a sua voz
Ah se eu soubesse que aquele dia seria o ultimo ao seu lado
Teria dito o que nunca fui capaz de dizer

Tudo o que eu senti por você durante todos esses anos
 E ficou aqui apertando o meu peito
Teria dito o quanto te amava e o quanto arde em mim a sua ausência
Você foi embora sem me dar explicação, sem me deixar ouvir sua última gargalhada

Deixou comigo apenas a tua lembrança e a saudade dos momentos em que passamos juntos
Dos dias, das conversas,.  dos abraços e sorrisos
Leva um pedaço de mim com você e deixa um teu em mim
Na minha lembrança perpetuará tua existência

domingo, 25 de março de 2012

O homem e o espelho



Ausente, a alma se debate pelo corpo
Enjaulada num espaço escuro
Grita por minhas veias
E o tempo vai passando sem me perceber

Lugares não me despertam
Angústias não me comovem
Doutrinas não me dominam

E a vida segue crua
Paixões a banhar os delírios na luxuria
Deuses rasgados pela lança da razão
Muros marcados por ideais que a chuva apaga

E fica tudo assim
Inafetavelmente conduzido pelo acaso
Acomodado no vazio
Face a face com os próprios anseios

Desejo



Venha, entregue-se
Sob a luz da Lua sinta o cheiro da chuva
Veja o céu nebuloso que paira sobre tua cabeça
Caminhe por ruínas e castelos

Relembre os tempos em que a vida estava presente
De braços abertos sinta o vento tocar sua pele
No alto do penhasco rochoso a angústia se desfaz
Sinta minha presença correr por tua alma

Perdoe minha existência pro estar apenas em tua memória
As noites mal dormidas com você em meus pensamentos
Caminhadas pelos montes sob a lua do teu sorriso
Perdoe o tempo por não me deixar mais ver teus olhos

Mantém os meus fechados diante de tamanho esplendor
Seu toque fervoroso se depara com meu corpo gélido
Não posso mais sentir o calor que vem do teu beijo
Da vida que me envolve, em sua mais bela ausência

sábado, 24 de março de 2012

Hoje eu só quero


Segurar na sua mão e caminhar
Não importa pra onde
Sentir o vento tocar a pele
E a Lua clarear a escuridão

Errar todas as placas
Sorrir descontroladamente
Sem motivo e sem sentido
Sentar na grama e ficar ali

E pensar em tudo o que me faz querer
Pensar em como a noite é calma ao seu lado
Em todas as explicações que não sou capaz de te dar
E ver o seu sorriso repousando em meu ombro

Estender as mãos para o encontro com a chuva
E ficar ali até o dia amanhecer
Na simplicidade encantadora da tua companhia
Que me encanta, me fascina e me completa

Dos momentos triturados pelo tempo



E quando você vê o tempo já se foi
O passado ficou cada vez maior
Lembranças a confortar a dor do tempo
Lágrimas colecionadas  por inúmeras despedidas

Tudo passou
E só agora você se dá conta de como era bom
Só agora a simplicidade ganha enorme importância
A saudade mostra o valor do que antes era comum

Momentos guardados na memória
Correm ardendo sua mente
Gerando um sorriso tímido e doloroso
O nó na garganta assola sua alma

Hoje é tempo de lembrar o que já se foi
De ver o quanto eu quero tudo o que era comum
De  notar que na verdade sempre foi o que mais importava
E de constatar que a saudade não é motivo suficiente

sexta-feira, 23 de março de 2012

Simplesmente saudade



Saudade é basicamente não saber
Saudade é não ser capaz de mensurar a dor.
É quando o fim veio e não foi embora
É o amor inacabado se afogando em esperança

Saudade é trazer momentos do passado aos olhos que se perdem
Numa tarde de outono onde as folhas caem sobre o banco da praça
Saudade é fazer da dor da ausência, presença incontestável
É misturar lágrimas e sorrisos

É desesperar-se por saber que não vai voltar
Aquela brincadeira na infância
A cidadezinha pequena onde bastava a simplicidade
As mãos que se estendiam para um abraço avoengo

Saudade é se assustar, e descobrir que o tempo passa
É olhar pra trás e se deparar com tudo o que se sente falta
E ver o quão está ao alcance das mãos e distante do toque

Saudade é isso
Muito além do querer
Simplesmente saudade...


Pra que morrer?



Pra que morrer?
Deixar a vida nos braços do acaso
Calar os sonhos que ainda não aconteceram
Cegar a existência

Em braços cruzados sobre o peito
Pra que ausentar-se da dor?
Pra que cravar um ponto final na história?
Partir e deixar um vazio profundo e ardido

Encher de silencio a lembrança de quando havia vida
Fazer surgir a saudade incurável da presença
Lagrimas que correm sobre fotos amareladas
Causas do fim que vem sem avisar

Se anuncia delicadamente, mas não prepara
Quando vem nos atira recordações à mente
Mas anda vai voltar
A presença só vai ficar na lembrança

Agora a cadeira é vazia
Ao abrir o portão, o abraço é da ausência
Sé restaram os momentos de quando havia a vida
Do olhar perdido que aos poucos ia me dizendo adeus

Mesmo contra sua vontade a alma cedia ao desgaste do corpo
A luta pela permanência chegava ao fim
A fragilidade decreta a perda
Na minha saudade se fará eterna a tua presença

quinta-feira, 22 de março de 2012

Tudo pede o fim



Tudo sempre pede o fim
E nos sorrisos a dor se esconde
Tarda mas chega
E permanece

O era predomina
Rasga memórias
Suja o peito de saudade
Seca a garganta

Desce as pálpebras
Os sons da vida se calam
Num sono profundo, silencioso e eterno
Cessa a dor daquele que parte

Eterniza a angustia de quem perde
E a alma arde
E ficamos assim, eu aqui sentado
Com sua ausência presencial em minha memoria

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ventos do leste



Ambições, vivem a atiçar minha essência
Repousam meus olhos diante de tamanho esplendor
Novos ventos vindos do leste
Trazem consigo o aroma dos deuses

Tocam minha face com seus doces lábios
Levam minha mente ao delírio
Dominam meu consciente
Seu olhar, me possui

Lá se encontra a razão para o improvável
No ébrio olhar que me vêm fruto de tua face
Carregam a intensidade em sua notória calmaria
Sua imagem, soa  provocantemente solitária

Desperta o desejo, seu olhar abraça minha alma
Ao aparentar-se inalcançável leva-me aos mais belos sonhos
Onde o tempo repousaria no gosto  de seus lábios
Onde a vida é um belo concerto regido por sua existência

Mar de fogo



O vento, traz o doce perfume latente no ar
Torna a existência onipresente
 A lua, reflete a alma à caminhar pela noite
A chuva, purifica o pecado e faz pura a carne

Num sopro aveludado chocam-se os galhos
No tocar se sente a textura do musgo da faia
No silêncio, desejos contemplam a alma
O criador repousa em silêncio

O fim dos tempos se aproxima
A ausência da fé se torna constante
O sol derrama suas lágrimas sobre o mar
Velejarei sobre a lava, sem nunca saber para onde ir

Serei uma criança com olhos sonhadores
Contemplando a fúria  que vem dos montes
Sussurrarei para as estrelas
Palavras caladas em meu interior

Me despeço de meu deus, já com o corpo em chamas
Me despeço da vida, já com a alma aos céus
Minhas lágrimas já não mais escorrem
Pois vejo à minha frente tua suntuosa face


terça-feira, 20 de março de 2012

Olhai-vos




Olhai-vos de todos os ângulos, a vida que se dissipa
Em prol da doença da alma
Sucumbi a essência humana
Olhai-vos do mais alto monte, a sebe que cerca a existência


Inclina tua cabeça e veja-os a teus pés
Na noite gélida, olhai-vos até o fim
Olhai dentre a multidão, o manto materno aquecer sua cria
A lágrima doce, daquele que cai sobre a terra

Olhai-vos cair um a um
Olhai a chama do abandono arder em seus corpos
Olhai sobre a fossa de tua glória
O mérito se vai entre o sangue que escorre

Olhai-vos a cada instante
Olhai o céu avermelhado, sorrir como os lábios rubros da mais bela dama
Enxuga tua própria lágrima, derivada do arrependimento
E cai sobre a terra

Banhado no sangue do teu povo
Por uma vez; cala-te e espera
Vê teu Império ceder sobre tua cabeça
E suplica, por tudo aquilo que não foi capaz de oferecer

Sente a lança rasgar teu peito
Olhai-vos agora com tua face ao chão
Estende a tua mão ao fim, e vai
Na trilha de um corpo sem vida, se faz sua última marca

A vida



A vida, quão passageira é esta estadia
O tempo desmascara a utopia do pensamento
Passa e se vai com o vento
Lembranças se escondem no castigo da memória

Corpo e alma contemplam a existência
Um minúsculo instante em meio ao infinito tempo da eternidade
A saudade comanda a lembrança do tempo que já se foi
O pranto emana do medo do destino que há por vir

Confrontam-se forças humanas com a energia da alma
As ardentes chamas que queimam, hão de ser o suave calor que aquece
O anjo de concreto paira sobre teu corpo
Lágrimas cairão sobre o corpo na vala
Na terra, então, se cala o tumor

No coração, grita a saudade
Na ventania, o cheiro da morte
Na memória, um passado ainda latente
No viver do cotidiano, se vai a esperança do eterno

segunda-feira, 19 de março de 2012

O verdadeiro sentido



Onde começa a estupidez da alma?
No desfrute do espaço que não lhe pertence
Na demência da razão consumida pelo poder
Na desvalorização do amor distribuído à todos

Onde se esconde a verdadeira essência do homem mortal?
No corte profundo das espada que grava o nome na história
Na busca incomensurável pelo reconhecimento
Do desvio de princípios em prol monetário

Onde moram suas inúmeras angústias?
Na noite, em que a solidão vem e o abraça
No medo, que sega suas perspectivas
No tempo, que castiga e enfraquece sua carne

De onde emana o verdadeiro sentido da vida?
Na lembrança do tempo em que o hoje era distante
Na lágrima que nasce, filha da saudade
No instante de silêncio ao caminhar do cortejo

Jardim das ilusões


 No jardim das ilusões, aromas se misturam
Trazem à mente, pensamentos pecaminosos
O paraíso é assombrado pelo desejo
A pureza dá lugar ao prazer

A luxúria demonstra toda sua criatividade
Envolve o corpo num abraço mortal
A vida escorre junto ás lágrimas
A existência se encontra em seu último ato

Deixe-me mentir
Dizer que a vida foi repleta de sorrisos
Que a rejeição esteve distante do meu ser
Que paixões vividas não profanaram a alma

Deixe-me acreditar que existe a eternidade
Que em minha passagem, formou-se um concerto harmonioso e belo
Deixe-me pensar que obtive êxito em tornar-me um deus
Não permita que o tempo se despeça de mim

Partirei ao paraíso
Onde em seus doces braços repousa a morte
Onde navegarei pelos mares de veludo negro
Aqui repousarei na noite sem fim



domingo, 18 de março de 2012

Noite dos mil desejos



 Escolher entre a ternura do amor e o desejo da carne
Tarefa árdua para a alma
A essência de uma vida que um dia eu sonhei
Padece em meio minhas inúmeras tentações

O desejo toca meus lábios delicadamente
Sua mente insana conduz meu corpo ao delírio
Seu rubro sangue mortal
Rega a satisfação

Os ecos de minhas indecisões percorrem minha mente
Tens minha existência em tuas mãos
Mil desejos me corroem
Um amor me sustenta

Basta um passo adiante, para que eu possa encontrar a paz
No alto do penhasco rochoso, o vento toca minha face
O mundo lá embaixo, parece limitado à ignorância humana
O céu parece tão próximo

O paraíso soa inatingível
A mente confusa não mais difere, razão, emoção, ilusão...
Resta apenas o desejo
Mais um dentre tantos a sucumbir dentro do meu ser

Mais um corte profundo em minha pele alva
Mais um sopro tentador a esmorecer meu corpo
Devo me refugiar em meus insólitos propósitos
Minha existência retomará o rumo, da vida que um dia eu sonhei

Sob o céu de seda



Pilares são criados longo da existência
Sustentam objetivos, derrubam utopias
Cansado de morrer todos os dias
Removo a barreira que cerca o mistério

Ergo meus punhos ao céu
Canções proibidas escorrem por minhas veias
Desdenho teu perdão
Abraço-me ao pecado que me assola

Não vou me ajoelhar a seu livro ditador
De guerras e desgraças, julgamentos e mentiras
Do peito um grito se rasga aflito
A fumaça sai de meu olhar

Não plantarei cinzas que não florescerão em meu jardim
Não me juntarei aos olhares famintos e sem vida que beijam teus pés
Entendo que fui cego voando rumo a luz
Me deixa sonhar em paz, pois já não penso em acordar

Silêncio



No silêncio é que se sente a preciosidade da alma
Quando todos os fatos vem a tona
E algo se depara com o terror
O Sol se deita ao fim de cada aurora

A noite chega em tom de calmaria
Em silêncio, o corpo desperta o som da alma
Beijos que profanaram
Passageiros como a luz do dia

Lábios vagos em meio à escuridão
Acolhem o calor que merge da carne
No quebrar de uma taça
O vinho mistura-se ao sangue

A vida é jogada ao vento
Como pútridas pétalas de rosas
Sob a ternura de um céu de seda
O corpo se encosta no musgo da faia

A alma descobre a verdade
Posta de cabeça para baixo quando a vida perecia
A venda da mentira é retirada de pálpebras descidas
A existência estende suas mãos ao entendimento
Num último suspiro ao fim da luz do dia