O Blog Além dos Olhos foi criado dia 18 de Março de 2012. Seu principal objetivo é descrever situações do cotidiano que algumas vezes passam despercebidas à olhares superficiais, tanto para quem escreve, como para quem lê. Ao entrar aqui, dará vazão à busca pelo entendimento sem se preocupar se irá encontrá-lo ou não. Cada linha rege a harmonia da dança dos nosso dias.
E que não se prenda em seus conceitos para que seja meu leitor, pois aqui não há uma verdade absoluta, encontre o seu sentido parafraseando significados que nascem no seu interior. Reflita, questione, refute, pense além!
Boa Leitura.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Se eu tivesse mais um dia


Se eu tivesse mais um dia tudo seria diferente
Te abraçaria com todas as minhas forças até doer os ombros
Não deixaria escorrer pelo ralo aqueles momentos onde podia sentir-te
Andaria com você pela rua , sem rumo sem medo e sem pressa

Contemplaria o teu sorriso observando com o canto dos olhos
Não teria tantas preocupações, não me corroeria em busca de objetivos
Se eu tivesse mais um dia juro que não passaria longe de você
Te olharia em todos os instantes que me restassem

Confessaria de todas as vezes em que um nó na garganta me impedia de dizer que te amo
Te tocaria sem pudor, te beijaria sem motivo, te amaria com toda intensidade que posso
Estaria  embaixo do céu, colado no teu rosto, e tudo ficaria bem
Choraria nos teus braços e não saberia mais o que era lágrima e o que era chuva

Tudo, seria um só
Eu ficaria bem, mesmo sabendo que não teria mais a seiva da vida correndo em minhas veias
Se eu tivesse mais um dia, quem sabe seria tempo de tecer um destino diferente
E apertar a tua mão até o último suspiro, assim, tudo ficaria bem

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Placebo


Debruçar-se na janela e ver a vida pelos quadros
Se acomodar aos mesmos sons, sabores e direções
Em cada tela as mesmas imagens pintando a conformidade
Por possibilidades estáticas que envenenam a expansão da existência

No ócio intelectual seduzido por direções que se perdem
As mentes envelhecem, se dissolvem ao pó da terra onde nada mais brotará
Se extingue o bem que não se percebe, o tempo que transcorre silenciosamente
Autêntico, crava a dor mesmo sendo incorporal

E cala a essência humana, cerra os olhos da vida que se passou
Escassa de virtudes que teriam o poder de dotar o próprio destino
E não resistir mais às pulsões que conduzem aos mais belos sonhos
Ao transformar-se é o senhor de tuas necessidades 

Na totalidade de sensações à correr pela alma
Que incendeiam  horizontes aprisionantes 
Levando à permanente reconstrução da pura liberdade de re significar os desejos 
Cada qual com sua intensidade, sem nome, cor, causa ou bandeira


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dos laços eternos


Correr loucamente pelos dias
Dominado pela liberdade que comanda minha existência
Ausente de métodos
Governado por sons e sabores

Portadores de meu afeto
Afogando as angústias num cálice de sorrisos
Alucinadamente
Movido pelo desencadear de permissões

Na vida que se apresenta puramente possível
E o significado se faz perante aos olhos
São mentes que se perdem no aroma dos desejos
Queimam-se os padrões e conceitos no ardor das paixões

O rumo está na presença
Incomparável
Nos momentos em que o tempo não impera
E tudo o que importa é somente o instante

Onde as almas transcendem os sentidos
E caminham sem anseios
Repousando na pura essência do que é a vida
Em corações que brindam a união dos corpos

Que se envolvem na pureza de existir sem destino
E os olhares dançam refletindo uns aos outros
No encanto da cumplicidade
Emerge o tom do mais belo abrigo

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

De última hora


Viver é começar à perceber o que é prioridade
É se entregar aos momentos mais intensos
E se perceber diante das situações
É correr para junto dos novos sorrisos que a vida prepara

É estar, e simplesmente estar
Viver é correr ausente de rumo
Regendo a valsa dos nossos dias
São planos que não deram certo
Frustrações à queimar a face

Que viram reflexão no banco da praça
Na janela do ônibus e na mente de quem reflete
De quem não deixa que o vício da rotina
Se transforme em conformidade

De quem tem em si a tua mais segura morada
Sofre calado e nem se percebe
E o tempo caminha incansavelmente
curador das feridas que causa

Semelhante é a mente que labuta nos mesmos propósitos
E no final tudo o que sobra é o que realmente importa
Os momentos em que nada importava à não ser o instante
Por ele mesmo e por tudo o que se resume a busca pela qual [...]
todo homem passa

Momentos.
Que mesmo quando o coração se fizer estático
Não perderão seu enorme valor
Pois tudo o que é momento se perpetuará no berço da existência

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Horas de veludo



Tu deténs todas minhas ações
Todo meu pensamento se encontra no rumo de sua presença
Abdicaste do paraíso para viver em meu coração
Trouxeste a mim o encanto de seu perfume

Levaste minha menta ao doce desejo
Fizeste meu sorriso declarar-te a teus olhos
Puseste propósito em meus dias
Por poucas palavras ditas entre nós

Há horas em que parece corresponder-me
Horas em que se mostra oculta
Horas em que parece estar indiferente
Mas todas são horas de vastos sorrisos

Horas em que o mundo pára no brilho de um olhar
No desejo cuidadoso da busca pelo toque
No querer que este instante dure para sempre
Que o mundo seja tão sublime como é este momento

Brinda-me com tua existência
És um deleite para minha alma
És soberana em meus pensamentos
Possuíste-me por completo!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

No colo de Sherazade



A nevoa se desfaz diante de meus olhos
Deparo-me cm a realidade
Meu sorriso se esconde num rosto penoso
Meu olhar se perde no firmamento

No alto dos montes me vejo próximo aos céus
De forma leviana encontro-me na teia do abandono
Preces em vão são deferidas em meu nome
Zombo do destino que ceifa minha existência

Mil e uma paixões escorrem de teus lábios
Tuas palavras deslumbram a morte
Agora serva de tua persuasão
Tuas histórias nutrem minha alma

Em teu abrigo a vida se faz eterna
Em tua carícia está a imortalidade
Em tuas noites reina o desejo
Teu silêncio anuncia meu fim

Mesmo quando não estiver




As estrelas me farão ver teus olhos
O pensamento estará em sua existência
O motivo estará na saudade
Buscarei o afeto em tuas lembranças

Nelas repousam belos sorrisos
Mesmo quando não estiver
Permanecerá em meu coração
A razão se encolherá diante do sentimento

A distância irá sorrir ao ver minha dor
Mas aqueles momentos não serão esquecidos
Mesmo quando a vida levar de mim a tua presença
Deixará em mim tua lembrança

Que tempos aqueles!
Aparentemente comuns
Tempos que agora possuem grande valor
Pois neles, a vida ainda não havia te levado de mim


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Do fluxo eterno de todas as coisas



Caindo em meio aos dias as sombras chamam
O Paraíso que acolhe no alto da montanha
No descer das águas que escorrem
É vida que se renova, que vai e que vem

É homem que é parte de tudo
E parte a cada segundo, banhado no devir
Como a água que desce de cima da pedra
Como a chama que queima infinitamente finita

É homem , é fogo é terra e ar
É tudo que se contempla nos olhos da mais pura criança
Que vê seu reflexo, pintado na poça da vida
Enquanto olha, já não é mais o que era

A criança cresceu e se tornou homem
Do mesmo reflexo, da mesma água
Da mesma vida que corre enlouquecida
Por sons, sabores, imagens, anseios...

E enquanto corre vai deixando a vida pelo caminho
E a poça vai secando até restar somente areia
Onde a imagem não mais reflete
E o homem por ser o mesmo, é outro

Talvez se visse, não reconheceria a própria face
Que o tempo moldou com suas garras afiadas
O menino agora, é senhor de sua era
Os olhos que antes brilhavam estão ofuscados
Pelo desfecho da existência, as pálpebras se deitam
E o menino, agora é ar, terra, fogo e alma. Tudo o que sempre foi

terça-feira, 26 de junho de 2012

Do tempo e dos tempos



E o tempo brinca comigo sempre
Estático, corre numa direção sem volta
E venda meus olhos quando se move
Se move? Acho que sim


Que se vá o tempo e sua frieza!
Que está em mim e não se mostra
Molda minhas ações, pensamentos
me faz refém de mim mesmo


Orquestra minha vida em silêncio
Insipido, caçoa de minha fome pela verdade
Responsável por expectativas, anseios, frustrações, arrependimentos
O berço da loucura é o tempo


Que me arrasta, me abraça e me escarra
Somando meu passado e devorando meu futuro
A maior distância entre a alma e o entendimento
Em caminhos que se cruzam perdidos na mesma estrada

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Quando vem o devido valor


Dar valor ao que é bom nessa vida
A busca existe mas não é simples como parece
Quando se descobre que o tempo passa o susto é grande
Novas faces, novas histórias e tudo o que você quer é o passado


Onde o que você queria é o hoje
Seria ingratidão?
Pelo que tinha e não deu o valor que vem hoje
E por não dar valor no que quis tanto ter


E hoje tem
Talvez por as expectativas não corresponderem
E pelo passado que é belo hoje, não existir quando era presente
Mas a busca permanece, sem nome, sem causa ou bandeira


Órfão de métodos e vertentes, sem verdades
Colhendo experiências, sons e sabores
Na dança dos dias
O querer transcende a razão

Que não se torne comum



Sem saber a direção a ser tomada
Sem saber do que deriva a angústia
São apenas horizontes que se escondem
E a culpa se torna refém de si mesma


Sonhos que se esfarelam em incertezas
Caminhos tortuosos, sem partida e sem destino
E o tempo ferve sempre, e sempre
Nos passos que fogem da direção, nos olhos que se fazem cegos


Onde o temor sempre está por perto
Não se mostra, apenas se faz
Num sopro gelado aos ouvidos
No saber ou não saber se encontro o que procuro


Muitos são os sentidos que não conduzem a sentido algum
A força do desejo segue, turva e sem razão
Só mais um dia replicando o outro
Sentado na varanda admirando um horizonte fechado

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ode à liberdade


Vai, e não preocupas se irá frustrar-se por ir
Derruba todos os muros que estiverem no teu caminho
E cala o medo que cresce frio no teu íntimo
Rasga todas as bandeiras que querem governar tuas ambições


Domina as pedras que se apresentam no teu caminho
Perpetua na tua finitude, razão pra real independência
Corre insano, demasiado, desesperado, solto pelo mundo
Brinda tua existência a cada pôr do Sol


Beba de variadas fontes, erre os caminhos, risque as direções
Projeta na tua alma, poder por ser o que realmente é
Encendeie traumas que querem te possuir
Faça sua revolução!


Cante tua vitória sobre as ruínas da opressão
E desdenhe os horizontes que te zombam
A liberdade é a tua morada
E nela tu te farás eterno

terça-feira, 15 de maio de 2012

Do eu existencial


                                                                                          foto: Guilherme Moura


A auto descrição é sempre algo extremamente complicado. Talvez por ser capaz de unir tantos aspectos, tantas palavras a serem ditas que quando juntas, muitas vezes transformam-se em nada. Nada? Mas como assim?
O nada pode nos dizer muita coisa sobre quem e o que somos. Somos?

Um emaranhado de situações formam nosso ser, o despertar de sentimentos latentes vai fazendo com que saibamos algo sobre nós mesmos. Bem aventuradas são as respostas ausentes, responsáveis por nosso eterno questionamento, que por sua vez, nos move, nos guia por caminhos tortuosos e sedentos de destino.
Eu sou. Sedento de destino, apaixonado por todas as emoções capazes de fazer meu coração eclodir, seja num abraço, num olhar ou até mesmo em pensamento. É   isso o que nos faz, mesmo sem sabermos de onde e para onde iremos, somos.
Seremos até mesmo no dia em que emoções se encontrarem em repouso e o coração estático, seremos pois estaremos nas memórias que deixamos no passar de nossa existência.
Minha ausência será sentida pela saudade ou pelo alívio, depende de como e quando você me vê.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

De tudo que é



E tudo se assemelha num fluxo constante
A distância não se  difere da proximidade
Mundos entrelaçados por fios de seda
Num conflito eterno a vida tenta ser


E é por não ser, e não é por não ser
Luta para relembrar o que era enquanto ideia
E os dias correm sendo um só
O tempo se arrasta a esmo


Figuras temporais ditam realidades perecíveis 
E o ciclo transcende as eras
Os mesmos herois, pelas mesmas causas
Com os mesmos fins


O homem emerge da alma querendo saber o que é
E mal sabe que como tudo, é o mesmo que tudo
Busca sabendo o que já sabe e nunca irá saber
Corre demasiadamente, vendado por sua própria existência

terça-feira, 24 de abril de 2012

Auto fuga


A verdade se apresenta diante de mim
Em suas mais variadas faces
Querendo tomar posse de minhas ações
Por sua mais nobre insolência


E quando nada me convence
Virtudes são jogadas ao vento
A vida vai correndo e aumentando meu passado
Acumulando despedidas, extinguindo sorrisos


Para todas as direções
Horizontes que nunca chegam
Correndo sobre as folhas de outono
O silêncio grita em minha mente


Me prendo no tempo
Desviando do reflexo das vitrines
Acordo e conto as horas para o anoitecer
Onde o ciclo que me vicia recomeça e toma conta da minha alma

Dos vícios destrutivos



Para onde você foi?
Por que foges de meu encontro?
Estava aqui agora dentro de mim
No toque de meus lábios e em minha mente alucinada

Dona de minhas ações, detentora do meu querer
No pico de meus prazeres sacrificaste minha nobreza
Me preencheu por um vazio capaz de me completar
Momentaneamente

E depois me deixou aqui largado aos vermes
Arrastando-me pelsa ruas onde se espalham pedaços da minha alma
Estraçalhado pelo teu sarcasmo que agora zomba de minha agonia
E o que mais me arde o peito é que ainda te quero

Mesmo sendo só dor, mesmo sendo só abandono
Meus olhos se fixam na busca pela tua persença
Te quero em mim, rasgando tudo o que me resta por dentro
Sei que a escória me aguarda com olhos rubros e babando veneno

Mas nada mais importa
Te quero em mim, rasgando tudo o que me resta por dentro
Agora pare de se esconder e venha me consumir mais uma vez
Te aguardo em minhas veias para que queime todo este sofrimento

Para que termine a dor eu me entrego
Em tuas garras deito minha cabeça
E te alimento com lágrimas culpadas e amargas
Onde tudo é vazio e o que me conforta é o alívio por acabar

domingo, 22 de abril de 2012

Perdição celestial


A noite fria comanda os corpos
Dançam entrelaçados no ritmo das paixões
A foice envolve a Lua de vossos olhares
Banhados na luxúria saciam o deleite


No Vale da Morte os punhos se erguem
Os ventos uivantes penetram sua pele
Alva de desejo
Repleta de pecado


Sorrisos embriagados profanam a pureza
Mentes insanas celebram a anarquia
Deuses enjaulados afogam-se em lágrimas
Vedes teu império nas garras da perdição


Da pureza escorre o prazer
Do choro mortal a zombaria eterna
Nas sombras da noite as luzes se apagam
Blasfema-se o brilho presente outrora


Nos beijos mortais
Sucumbem pelo veneno
Discípulos errantes
Nas vísceras de teus deuses

sábado, 21 de abril de 2012

Versos secos


Os olhos deslizam por inúmeras faces
Distantes do toque, presentes no desejo
Avulso em cantos e peculiaridades
Estímulos vazios escorrem pelo ralo


Vozes entrelaçadas alimentando o nada
Gritos de escória exaltando a futilidade
A alma se encontra distante do fascínio
O corpo embolora em pútridos propósitos


O conforto da sensação
Denunciado pela percepção
Queimam horizontes enganadores
E a fuga presencial continua


Secando a garganta, rasgando o peito
Conceitos dilacerados no ápice da loucura
Permeiam por pontos abertos
Em versos secos para o vento carregar

Da ausência singular



Você partiu e ficou aqui na minha memória
Revivendo momentos que não vão voltar
E a sua presença não sessa em meus pensamentos
Hoje a cadeira é vazia


Nunca será como antes
Você me pegou de surpresa 
E nem me disse adeus
Nem me deu o último abraço


E a dor que me rasga o peito
É do pedaço que você levou de mim
Planos foram interrompidos com a sua partida
Mas a lembrança ficou em todos os lugares em que vejo teu sorriso


A caminhada continua, dolorida por sua ausência
Agora você vive em mim
E em tudo o que em recorda a honra de te amar
Fizeste parte de minha história e isso o tempo não apaga

sábado, 31 de março de 2012

Alma solitária



Mais uma dança para o corpo sobre a relva
Mais um olhar para horizontes que não chegam
Mais um suspiro clemente
Mais um pulsar por outra mentira

Sonhos enterrados por pegadas na areia
Estrelas caindo numa noite vazia
Contemplam a essência do ermo da alma
Embriagado por teus deuses que roubaram minha inocência

Navego pela urca que me arrebata a fundos mares
Abraços lutuosos a zombar de minha solidão
Olhares famintos a dominar meu inconsciente
Me entrego

A vida se vai, tênue e oprimida
Canções proibidas já me fogem os ouvidos
Não posso mais dançar sobre lírios e desejos
Agora me afundo no berço do silêncio, para nunca mais

Delírios noturnos



Deixe-me banhar-me em teu desejo
Deixe-me provar de teu veneno
Deixe meus lábios correrem por tua doce pele
Acabe com a sede que assola minha alma

Faça-me sentir o sangue que caminha por vossas veias
Nos delírios noturnos seremos
Uniremo-nos por nossas inglórias
Faremo-nos reféns de nosso arbítrio

Jogue ao vento pútridas pétalas de rosas
Entregue-se à febre de me possuir
Esqueça planos e promessas
Dance pelos campos ao som da tempestade

Depare-se com o reflexo de uma face
Na poça da tua memória
Buscaste por todos os teus dias
Saber se a vida é mais que um horizonte

De costas para o paraíso



Eu penso no passado
Em tudo o que um dia esteve em minhas mãos
Na ausência de valor, constante pelo descaso
Vejo que os ventos não sopram como outrora

O céu rubro arde minha face
Ando sobre meus jardins envenenados
Minha alma se debate enlouquecida
A essência do meu ser enjaulada em meu corpo

Clamo por vozes que já não posso mais ouvir
Por olhos que já não posso mais mirar
Pela pele alva distante de meu toque
Agora meus olhos vivem pra dentro

Vigiando a alma que teima em fugir de mim
Torturado por sádicos horizontes
Inundando-se de lágrimas
Um universo escuro, infinito e silencioso

sexta-feira, 30 de março de 2012

Como eu queria



Como eu queria, ser as vestes que cobrem o teu corpo
Ser a lua que encanta teus olhos
Ser o colo que te abriga
Como eu queria ser as mãos que afagam teus cabelos

Abdicaste do paraíso para viver em meu coração
Distante de mim, faz-me viver na saudade do teu céu
Me farei presente em teus mais belos sonhos
Caminharei no ritmo do pulsar de teu coração

Venha, mate a solidão que arde minha alma
Desfrute da vida nesta bela noite de luar
Sinta meu coração chamar pelo teu nome
Venha comigo para a imortalidade!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Em vida



Sinta o cheiro da morte
E as sombras que imperam no silêncio
Sinta o calor das chamas
Banhe-se nas lágrimas que o tempo lhe apresenta

Alimente-se das almas
Faça de seu alimento quem o rodeia
Conquiste o alimento num doce beijo
Ouça o silêncio

Beba o sangue que escorre
Não perca sequer uma gota
Forme discípulos errantes
Escreva a vida na areia

Busque explicações para a existência
Reflita: Existe a existência?
Não tenha, nem mereça compaixão
Perca o que tiver que perder

Encontre o tom da persuasão
Seja lembrado
Honre-se e viva na morte
Não desonre-se para que morra em vida 


terça-feira, 27 de março de 2012

Ah se eu soubesse



Ah se eu soubesse que aquele dia seria o último que passaria ao seu lado
Teria te abraçado mais, não teria te largado por nada
 Teria te beijado com mais vontade, com mais amor
A se eu soubesse que aquele seria o último dia que passaria ao seu lado

Teria ficado o tempo todo olhando pra você
Olhando seu sorriso, faria de tudo pra arrancar mais uma gargalhada sua
Não teria saído do seu lado um só instante, teria pedido.
 Implorado pra ficar só mais um dia, e mais um dia,  e mais um...

Ah se eu soubesse que aquele telefonema seria o último
Não teria falado nada só pra ouvir a sua voz
Ah se eu soubesse que aquele dia seria o ultimo ao seu lado
Teria dito o que nunca fui capaz de dizer

Tudo o que eu senti por você durante todos esses anos
 E ficou aqui apertando o meu peito
Teria dito o quanto te amava e o quanto arde em mim a sua ausência
Você foi embora sem me dar explicação, sem me deixar ouvir sua última gargalhada

Deixou comigo apenas a tua lembrança e a saudade dos momentos em que passamos juntos
Dos dias, das conversas,.  dos abraços e sorrisos
Leva um pedaço de mim com você e deixa um teu em mim
Na minha lembrança perpetuará tua existência

domingo, 25 de março de 2012

O homem e o espelho



Ausente, a alma se debate pelo corpo
Enjaulada num espaço escuro
Grita por minhas veias
E o tempo vai passando sem me perceber

Lugares não me despertam
Angústias não me comovem
Doutrinas não me dominam

E a vida segue crua
Paixões a banhar os delírios na luxuria
Deuses rasgados pela lança da razão
Muros marcados por ideais que a chuva apaga

E fica tudo assim
Inafetavelmente conduzido pelo acaso
Acomodado no vazio
Face a face com os próprios anseios

Desejo



Venha, entregue-se
Sob a luz da Lua sinta o cheiro da chuva
Veja o céu nebuloso que paira sobre tua cabeça
Caminhe por ruínas e castelos

Relembre os tempos em que a vida estava presente
De braços abertos sinta o vento tocar sua pele
No alto do penhasco rochoso a angústia se desfaz
Sinta minha presença correr por tua alma

Perdoe minha existência pro estar apenas em tua memória
As noites mal dormidas com você em meus pensamentos
Caminhadas pelos montes sob a lua do teu sorriso
Perdoe o tempo por não me deixar mais ver teus olhos

Mantém os meus fechados diante de tamanho esplendor
Seu toque fervoroso se depara com meu corpo gélido
Não posso mais sentir o calor que vem do teu beijo
Da vida que me envolve, em sua mais bela ausência

sábado, 24 de março de 2012

Hoje eu só quero


Segurar na sua mão e caminhar
Não importa pra onde
Sentir o vento tocar a pele
E a Lua clarear a escuridão

Errar todas as placas
Sorrir descontroladamente
Sem motivo e sem sentido
Sentar na grama e ficar ali

E pensar em tudo o que me faz querer
Pensar em como a noite é calma ao seu lado
Em todas as explicações que não sou capaz de te dar
E ver o seu sorriso repousando em meu ombro

Estender as mãos para o encontro com a chuva
E ficar ali até o dia amanhecer
Na simplicidade encantadora da tua companhia
Que me encanta, me fascina e me completa

Dos momentos triturados pelo tempo



E quando você vê o tempo já se foi
O passado ficou cada vez maior
Lembranças a confortar a dor do tempo
Lágrimas colecionadas  por inúmeras despedidas

Tudo passou
E só agora você se dá conta de como era bom
Só agora a simplicidade ganha enorme importância
A saudade mostra o valor do que antes era comum

Momentos guardados na memória
Correm ardendo sua mente
Gerando um sorriso tímido e doloroso
O nó na garganta assola sua alma

Hoje é tempo de lembrar o que já se foi
De ver o quanto eu quero tudo o que era comum
De  notar que na verdade sempre foi o que mais importava
E de constatar que a saudade não é motivo suficiente

sexta-feira, 23 de março de 2012

Simplesmente saudade



Saudade é basicamente não saber
Saudade é não ser capaz de mensurar a dor.
É quando o fim veio e não foi embora
É o amor inacabado se afogando em esperança

Saudade é trazer momentos do passado aos olhos que se perdem
Numa tarde de outono onde as folhas caem sobre o banco da praça
Saudade é fazer da dor da ausência, presença incontestável
É misturar lágrimas e sorrisos

É desesperar-se por saber que não vai voltar
Aquela brincadeira na infância
A cidadezinha pequena onde bastava a simplicidade
As mãos que se estendiam para um abraço avoengo

Saudade é se assustar, e descobrir que o tempo passa
É olhar pra trás e se deparar com tudo o que se sente falta
E ver o quão está ao alcance das mãos e distante do toque

Saudade é isso
Muito além do querer
Simplesmente saudade...


Pra que morrer?



Pra que morrer?
Deixar a vida nos braços do acaso
Calar os sonhos que ainda não aconteceram
Cegar a existência

Em braços cruzados sobre o peito
Pra que ausentar-se da dor?
Pra que cravar um ponto final na história?
Partir e deixar um vazio profundo e ardido

Encher de silencio a lembrança de quando havia vida
Fazer surgir a saudade incurável da presença
Lagrimas que correm sobre fotos amareladas
Causas do fim que vem sem avisar

Se anuncia delicadamente, mas não prepara
Quando vem nos atira recordações à mente
Mas anda vai voltar
A presença só vai ficar na lembrança

Agora a cadeira é vazia
Ao abrir o portão, o abraço é da ausência
Sé restaram os momentos de quando havia a vida
Do olhar perdido que aos poucos ia me dizendo adeus

Mesmo contra sua vontade a alma cedia ao desgaste do corpo
A luta pela permanência chegava ao fim
A fragilidade decreta a perda
Na minha saudade se fará eterna a tua presença