O Blog Além dos Olhos foi criado dia 18 de Março de 2012. Seu principal objetivo é descrever situações do cotidiano que algumas vezes passam despercebidas à olhares superficiais, tanto para quem escreve, como para quem lê. Ao entrar aqui, dará vazão à busca pelo entendimento sem se preocupar se irá encontrá-lo ou não. Cada linha rege a harmonia da dança dos nosso dias.
E que não se prenda em seus conceitos para que seja meu leitor, pois aqui não há uma verdade absoluta, encontre o seu sentido parafraseando significados que nascem no seu interior. Reflita, questione, refute, pense além!
Boa Leitura.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Do fluxo eterno de todas as coisas



Caindo em meio aos dias as sombras chamam
O Paraíso que acolhe no alto da montanha
No descer das águas que escorrem
É vida que se renova, que vai e que vem

É homem que é parte de tudo
E parte a cada segundo, banhado no devir
Como a água que desce de cima da pedra
Como a chama que queima infinitamente finita

É homem , é fogo é terra e ar
É tudo que se contempla nos olhos da mais pura criança
Que vê seu reflexo, pintado na poça da vida
Enquanto olha, já não é mais o que era

A criança cresceu e se tornou homem
Do mesmo reflexo, da mesma água
Da mesma vida que corre enlouquecida
Por sons, sabores, imagens, anseios...

E enquanto corre vai deixando a vida pelo caminho
E a poça vai secando até restar somente areia
Onde a imagem não mais reflete
E o homem por ser o mesmo, é outro

Talvez se visse, não reconheceria a própria face
Que o tempo moldou com suas garras afiadas
O menino agora, é senhor de sua era
Os olhos que antes brilhavam estão ofuscados
Pelo desfecho da existência, as pálpebras se deitam
E o menino, agora é ar, terra, fogo e alma. Tudo o que sempre foi

terça-feira, 26 de junho de 2012

Do tempo e dos tempos



E o tempo brinca comigo sempre
Estático, corre numa direção sem volta
E venda meus olhos quando se move
Se move? Acho que sim


Que se vá o tempo e sua frieza!
Que está em mim e não se mostra
Molda minhas ações, pensamentos
me faz refém de mim mesmo


Orquestra minha vida em silêncio
Insipido, caçoa de minha fome pela verdade
Responsável por expectativas, anseios, frustrações, arrependimentos
O berço da loucura é o tempo


Que me arrasta, me abraça e me escarra
Somando meu passado e devorando meu futuro
A maior distância entre a alma e o entendimento
Em caminhos que se cruzam perdidos na mesma estrada

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Quando vem o devido valor


Dar valor ao que é bom nessa vida
A busca existe mas não é simples como parece
Quando se descobre que o tempo passa o susto é grande
Novas faces, novas histórias e tudo o que você quer é o passado


Onde o que você queria é o hoje
Seria ingratidão?
Pelo que tinha e não deu o valor que vem hoje
E por não dar valor no que quis tanto ter


E hoje tem
Talvez por as expectativas não corresponderem
E pelo passado que é belo hoje, não existir quando era presente
Mas a busca permanece, sem nome, sem causa ou bandeira


Órfão de métodos e vertentes, sem verdades
Colhendo experiências, sons e sabores
Na dança dos dias
O querer transcende a razão

Que não se torne comum



Sem saber a direção a ser tomada
Sem saber do que deriva a angústia
São apenas horizontes que se escondem
E a culpa se torna refém de si mesma


Sonhos que se esfarelam em incertezas
Caminhos tortuosos, sem partida e sem destino
E o tempo ferve sempre, e sempre
Nos passos que fogem da direção, nos olhos que se fazem cegos


Onde o temor sempre está por perto
Não se mostra, apenas se faz
Num sopro gelado aos ouvidos
No saber ou não saber se encontro o que procuro


Muitos são os sentidos que não conduzem a sentido algum
A força do desejo segue, turva e sem razão
Só mais um dia replicando o outro
Sentado na varanda admirando um horizonte fechado