O Blog Além dos Olhos foi criado dia 18 de Março de 2012. Seu principal objetivo é descrever situações do cotidiano que algumas vezes passam despercebidas à olhares superficiais, tanto para quem escreve, como para quem lê. Ao entrar aqui, dará vazão à busca pelo entendimento sem se preocupar se irá encontrá-lo ou não. Cada linha rege a harmonia da dança dos nosso dias.
E que não se prenda em seus conceitos para que seja meu leitor, pois aqui não há uma verdade absoluta, encontre o seu sentido parafraseando significados que nascem no seu interior. Reflita, questione, refute, pense além!
Boa Leitura.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

De você e de mim


Basta um toque para que meu corpo fique enlouquecido
Um cheiro para que se inflame minha volúpia
E neste momento desperta-se a mais intensa pulsão
Que é muito mais que prazer

Que me laça, me envolve e anoitece a minha dor
Em tom de calmaria as almas se unem por quase um instante
Quando meus lábios deslizam pelo céu da tua carne
Aos poucos a tormenta se desfaz

E desfruto do doce sabor
Destes sonhos agora passíveis de toda caricia
Desta entrega complacente, terna
Maviosamente intensa

E estes beijos, nem sei onde me levam
E minhas vestes deixo que se rasguem
Nos teus braços que me acolhem por completo
Percorro o caminho que pra sempre será

Muito mais que cumplicidade extrema
O que o tempo não conta
Fiel morada do meu desejo

sábado, 20 de julho de 2013

Pretensão à Psicanálise


O desejo é o desejo do outro e a psicanálise rompe com o habitual, se aventurando em suas tentativas de desvelar o que é reprimido pelo ser desejante. Pois todos somos sujeitos da falta e negamos boa parte dessa ausência que se faz tão presente. Ninguém escapa da condição sedutora dos cuidados maternos, do ser que alimenta, aconchega e dá prazer à seu objeto de plenitude sexual. E no movimento gradativo da castração a majestade perde o trono, dissolvendo-se o desejo e potencializando a rivalidade, a percepção se alterna, os conflitos se fazem presentes e as pulsões tomam novos sentidos. Guiando o inconsciente, Narciso caminha na busca de novos objetos que satisfaçam o desejo deste saber não sabido, que por sua vez, advém do objeto inicial, onde havia a plenitude.

Inúmeras direções à perverter uma existência não tão própria quanto se pensava, e assim, pode-se transpor a barreira imposta pela censura. O desejo toma contato com o fantasma, alvo de sua pulsão, nas lacunas da palavra, que permitem sentido ao absurdo. Na transcrição deste discurso rico, a sobredeterminação empilha as peças que constroem a figura da neurose, que aparece de uma maneira deformada, assim como Narciso aparece no reflexo das águas. E nos apaixonamos pelo ser que representa nós mesmos, que é igual ao ser para quem somos objeto de paixão, somos Eros e somos Tanatos, somos feridas com cicatrizes sempre abertas, e mais que desejo, somos a falta daquilo que nunca tivemos, e talvez nunca tenhamos por completo.