O Blog Além dos Olhos foi criado dia 18 de Março de 2012. Seu principal objetivo é descrever situações do cotidiano que algumas vezes passam despercebidas à olhares superficiais, tanto para quem escreve, como para quem lê. Ao entrar aqui, dará vazão à busca pelo entendimento sem se preocupar se irá encontrá-lo ou não. Cada linha rege a harmonia da dança dos nosso dias.
E que não se prenda em seus conceitos para que seja meu leitor, pois aqui não há uma verdade absoluta, encontre o seu sentido parafraseando significados que nascem no seu interior. Reflita, questione, refute, pense além!
Boa Leitura.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Do prazer imutável





E é no doce desse fruto que se rasga o desejo
Que se atrai íntima e infinitamente
Insolúvel, enlouquece em corpo e mente
Sublimado, áspero, seco e inerente

É Deus da própria  seara
Inunda em beijos, abraços, plenos atritos
Imunda em saudade, vontade e se perde na falta
Na simbiose que entrelaça os quereres

Respirações ofegantes em plena cadência
Roupas ausentes, corpos ardentes
E é no doce desse fruto que os lábios se deitam

Regido em placidez  derivada
Do ápice dos prazeres , dos sonhos mais que palpáveis
Que dançam  a todo instante, além da subversão 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Educação para quem?


O desejo é o desejo do outro e a educação é um caminho de sublimação das pulsões sexuais, onde estas são direcionadas para um alvo não-sexual, afim de camuflar a neurose  através de objetos socialmente valorizados.
Logo, o transcorrer dessa dinâmica diz respeito ao cotidiano das crianças e as relações que são estabelecidas com os adultos que as cercam. Mais que isso, diz respeito aos sonhos, medos, esperanças e expectativas relativos ao mundo do amanhã.
A realização do desejo recalcado pelo adulto é transferida para o sonho que ele mesmo semeia na criança. Daí, podem derivar as frustrações causadas pela exigência do laço social.  A criança é alienada dos próprios temores, e dessa forma se torna presa fácil para as peripécias do adulto, que utiliza da escola, como um objeto de terceirização dos bons costumes. No mesmo momento em que esta função é atribuída à escola, torna-se impossível para este mesmo adulto, sustentar o fato de que é evidente a impotência, insuficiência e inoperância da função de sua função no âmbito familiar.
Assim, podemos começar a compreender o mecanismo que conduz a busca pelo conhecimento, que se olhado de uma maneira mais incisiva, se mostra como o fruto de um fracasso constante e gradativo, que tenta emergir como pulsão satisfeita no desejo do outro para com o outro.

sábado, 10 de agosto de 2013

Nos vestígios do estágio do espelho


O desejo é o desejo do outro, e não há dúvida de que inicialmente, a pulsão banhada pelo amor, gera um apetite voraz, movido pelo fantasma que atiça a busca do prazer.
Uma vez que o fantasma é idealizado à própria imagem do ser desejante, novamente se faz claro que o homem segue guiado com os olhos tapados pelas palmas de Narciso. Porém, há de se  ressaltar que a fantasia, por mais envolvente e sedutora que seja, carece da textura que só pode ser sentida na realidade. Na ausência dos próprios olhos assim como Édipo, o homem só percebe o que é capaz de tocar e dessa forma, é alienado pelo outro, numa realidade que está apenas dentro de si mesmo. E um dos frutos dessa dinâmica é a frustração, válvula profana que impulsiona a neurose, transferindo para  objeto de desejo, a raiva que o indivíduo sente de si mesmo por não ter sido desejado pelo outro.
Ao desnutrir-se, a pulsão de vida transforma-se em pulsão de morte, numa ferida incurável, que projeta no outro, uma paixão reflexa e turva, mãe do prazer e filha da dor.

sábado, 3 de agosto de 2013

A Religião nos limites da pulsão




O desejo é o desejo do outro, e desde muito cedo essa máxima governa a existência humana. Assumir o processo da castração e dar conta dos resultados que provém deste fenômeno é uma tarefa de extrema exigência e complexidade para o homem, que utiliza de diversos mecanismos para negar essa dinâmica sádica e eterna. Coloco a religião como um processo inconsciente de conformidade e narcisismo, onde o homem é chamado à relação com Deus, numa atitude de abandono que supõe a aceitação de seu limite. Quando Jesus é pregado na cruz forma-se uma relação diretamente proporcional com o bebê que perde a majestade através da dissolução do desejo materno. Pai, por que me abandonaste? Estes movimentos, dão ação à abertura do amor divino, que transforma a morte em vida, quando o homem é conduzido à satisfação de desejos por meio das pulsões, da mesma maneira que a paixão de Cristo salva a humanidade num ideal de plenitude amorosa em que se faz evidente a presença do narcisismo, ao passo que este ser onipresente deseja todo e qualquer indivíduo com o mesmo fervor e intensidade, fazendo com que a falsa sensação de plenitude, disfarce a falta que se manifestará em diversos outros momentos.Da mesma maneira que as desventuras correntes da vida humana são negadas no manto do plano de Deus. Assim, a religião acaba por ser uma maneira pela qual o homem procura mediar suas angústias.