O desejo é o desejo do outro, e não há dúvida de que inicialmente, a pulsão banhada pelo amor, gera um apetite voraz, movido pelo fantasma que atiça a busca do prazer.
Uma vez que o fantasma é idealizado à própria imagem do ser desejante, novamente se faz claro que o homem segue guiado com os olhos tapados pelas palmas de Narciso. Porém, há de se ressaltar que a fantasia, por mais envolvente e sedutora que seja, carece da textura que só pode ser sentida na realidade. Na ausência dos próprios olhos assim como Édipo, o homem só percebe o que é capaz de tocar e dessa forma, é alienado pelo outro, numa realidade que está apenas dentro de si mesmo. E um dos frutos dessa dinâmica é a frustração, válvula profana que impulsiona a neurose, transferindo para objeto de desejo, a raiva que o indivíduo sente de si mesmo por não ter sido desejado pelo outro.
Ao desnutrir-se, a pulsão de vida transforma-se em pulsão de morte, numa ferida incurável, que projeta no outro, uma paixão reflexa e turva, mãe do prazer e filha da dor.
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